Ao nascer, uma pessoa traz consigo características genéticas. Na maioria das vezes, os traços mais notáveis são aqueles relacionados a aspectos físicos, como fisionomia, cor dos olhos, estrutura corporal e até mesmo algumas condições de saúde. Da mesma forma, ao longo do desenvolvimento, algumas particularidades emocionais também se manifestam, como comportamento, maneira de reagir às situações e até mesmo gostos e aptidões. Quem nunca ouviu a frase "Você puxou isso do seu pai" ou "Você tem talento como sua mãe"? É comum achar que a herança dos antepassados se restringe a esses aspectos.
No entanto, nossa ancestralidade é muito mais complexa do que se imagina e pode influenciar, inclusive, alguns fatos e padrões de comportamento na vida de uma pessoa. O filósofo, teólogo e psicólogo alemão Bert Hellinger é um estudioso desse tema. Após conviver por 16 anos com a tribo dos Zulus, na África do Sul, e estudar profundamente diferentes correntes dentro da psicologia, ele chegou à conclusão que os seres humanos estão energeticamente conectados aos seus antepassados por meio de um campo morfogenético, algo como uma energia coletiva.
Segundo a visão de Hellinger, essa conexão faz com que os familiares carreguem consigo informações vividas por outros parentes, mesmo que esses parentes já tenham morrido. Isso significa que a vivência dos nossos antepassados, bem como suas crenças, valores morais, traumas, doenças e segredos formaram uma espécie de memória que pode ser passada geneticamente para seus filhos, netos e bisnetos, influenciando a vida dos descendentes. Por esse motivo, é possível que alguns obstáculos recorrentes, como problemas afetivos, endividamento e até mesmo uma doença sejam, na verdade, consequências de alguma situação vivida, por exemplo, pelos bisavós.